14 de set. de 2010

NO MARANHÃO: Indústria do analfabetismo funciona a todo vapor

Estatística mostra um quadro deprimente na educação maranhense, pois são mais analfabetos jovens do que adultos.

O Maranhão precisa reverter urgentemente seu problema em educação, a fim de permitir que o contingente populacional que se encontra na faixa etária de almejar postos de trabalho nos grandes projetos em implantação ou prestes a se implantar estejam em condições de pleitear essas vagas. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD 2009), divulgada quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 631 mil adolescentes com idade entre 15 e 18, ou seja, que deveriam estar cursando o ensino, 43,23% ainda não se encontram em sala de aula, e dificilmente conseguirão recuperar o tempo perdido.

Este, aliás, é um dos indicadores mais perversos da pesquisa, pois mostra que o Maranhão tem um índice muito acentuado de pessoas sem instrução. Dos 5,851 milhões com idade acima de 5 anos, 1,193 milhão não são alfabetizados. Em comparação a 2008, até que houve um avanço, porém bem inexpressivo, já que este contingente era de 1,214 milhão, isto é, houve uma redução de 121 mil pessoas.

Para a pedagoga Conceição Raposo, que já foi secretária de Educação, no início do governo de Edison Lobão, os números do IBGE são, de certa forma, assustadores, pois coloca o Maranhão entre os estados mais atrasados. De acordo com ela, o que preocupa é o fato de as novas gerações (crianças e adolescentes) estarem fora da sala de aula. “No Ensino Médio, encontramos 333 mil estudantes de todas as faixas etárias porém a a população com idade entre 15 e 18 anos, que deveria frequentar esse nível de ensino, é de 631 maranhenses, o que significar que 43,23% desses jovens não se encontram em sala de aula”, acentua.


Planejamento


Para o professor de História Júlio Pinheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (Simproessema), esses dados revelam a falta de planejamento do governo em Educação. Ele recorda que somente há poucos anos, o ensino médio chegou a todos os municípios, portanto é compreensível, embora não aceitável, encontrar tantos jovens ainda sem nenhum tipo de instrução.

Júlio Pinheiro lamenta também o fato de que há mais pessoas na faixa entre 5 e 14 na lista dos analfabetos do que adultos com idade acima dos 60 anos. “Isto é uma prova de que não existe nenhum planejamento com vistas à educação infantil”. Pela tabela 3.1 encontram-se os registros de 188 mil analfabetos, com de idade de 5 a 6 anos; 53 mil, de 7 anos; 52 mil, de 8 a 9 anos; 45 mil, de 10 a 14 anos. É como se fábrica de analfabetos estivesse funcionando a pleno vapor no Maranhão, e basta comparar o que ocorre entre as crianças de 5 a 6 anos para se chegar a esta conclusão, pois são 65 mil alfabetizadas contra 188 mil analfabetas.

Júlio Pinheiro torce para que esses números levem a classe dirigente a uma reflexão sobre as mudanças que se fazem necessárias no setor educacional. Para não é possível, por exemplo, que ainda se contrate professores com prazo de validade, do contrato, antes de encerramento do ano letivo. “Se por alguma razão o calendário escolar é retardado e os contratos desses professores se extinguem, as aulas não são repostas”, critica.
Tanto Conceição Raposo quanto Júlio Pinheiro cobram mais investimentos na educação, para que o Maranhão saia urgente desta quadro vexatório.


Contradição


Apesar de o momento eleitoral estimular a apresentação de balanços que não correspondem a realidade e de promessas que não conseguirão ser atingidas a curto prazo, o quadro real desafia os políticos.
Os números do IBGE, afinal de contas, contraditam com a promessa de distribuição das oportunidades de emprego nos grandes projetos para jovens, já que estes não estão em condições de sequer de pleitear uma vaga.



Radiografia da ignorância


- 43,23% dos jovens com idade para estarem cursando ensino médio não se encontram ainda em sala de aula.

- 17,37% da população com 10 ou mais anos de idade, o que corresponde a 901 mil maranhenses, são analfabetos.

- 19,09% da população de 15 anos ou mais de idade, correspondentes a 856 mil maranhenses, são analfabetos.

- 34,28% da população de 10 anos ou mais de idade são analfabetos ou analfabetos funcionais (com menos de 4 anos de escolaridade), o que corresponde a 1,778 milhão de maranhenses.

- Apenas 29 mil jovens com 15 anos ou mais, ou seja, 3,38%, estão matriculados no ensino fundamental.

- No Ensino Médio, são 333 mil estudantes de todas as faixas etárias, enquanto a população na faixa de 15 a 18 anos, que deveria frequentar esse nível de ensino, é de 631 maranhenses.


- Mesmo considerando as matrículas do ensino médio, 43,23% desses jovens não se encontram ainda neste nível de educação.

2 comentários:

  1. Boa Noite CLETO lOUZA,gostaria se possível que me enviasse por email esta matéria sobre analfabetismo no Maranhão,será para mim de grande valía. sou estudante de educação infantil.minha pesquisa é sobre analfabetismo. Ao ler sua coluna fiquei extremamente interessada neste conteúdo.E confesso que um tanto chocada. Gostaria de passar aos meus colegas de classe o caos que é a educação. O verdadeiro descaso dos nossos governantes.Se você tiver também algumas fotos sobre este assunto e puder enviar fico agradecida ,por sua ajuda.
    O meu estado de pesquisa é o Maranhão.
    meu msn rosamariaari@hotmail.com

    Sou aluna do primeiro Normal da Escola Estadual Raul Soares de Araguarí Minas Gerais.

    Atenciosamente

    Rosa Maria Pereira

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