O
uso do crack afeta por uma questão financeira as pessoas mais pobres,
embora essa droga, como a morte, não escolhe classe social. Aliás, o
crack é o caminho mais curto para se chegar a este fim inevitável. Ao
longo dessa reportagem que durou semanas se conheceu ou conversou com
viciados em crack e em outras drogas.
Entre
eles estavam estudantes, moradores de rua, profissionais liberais,
alcoólatras em botecos, políticos, policiais, desempregados, ex
presidiários, entre tantos outros.
Por
esses caminhos a reportagem teve acesso a um vídeo em que um rapaz, na
matinha ciliar do córrego do Voadeira, a cerca de 200 metros do Araguaia
Park Hotel fumava pasta base de cocaína (crack) na lata. Assim que
atingiu o êxtase ele acenou para a câmera, sorriu, depois abaixou a
cabeça.
Aquele
rapaz é mais uma vítima das drogas que assim como outros jovens
espalhados por todas as franjas da cidade. Ele teria tudo para ser um
belo rapaz e de muito boa aparência. Ele é de boa família, é bem
articulado, mas está se sucumbindo ao vício sem que ninguém faça nada em
absoluto por ele.
O
hotel a que nos referimos a pouco é o mais suntuoso da cidade e de
propriedade de sua família e ele sabe disso. Um de seus donos e que
representa o espólio da família é o prefeito de Barra do Garças, Roberto
Ângelo de Farias, que anunciou em data recente que sua secretária de
Ação Social, Mara Kisner, fora escolhida a receber um prêmio na Costa do
Sauipe, na Bahia, tida entre as melhores secretárias do país, mas que
parece ignorar situações dessa magnitude, a de estender a mão ao irmão
do próprio prefeito a quem serve com enlevo. Imaginem então outros
jovens anônimos da cidade.
Apesar
de ser maior de idade Luiz Henrique não é interditado, embora exista
uma ação tentando interditá-lo (para que ele possa ter um curador que
responda por ele) vez que é vítima e precisa de um tratamento
especializado e que ninguém feche os olhos para sua condição física,
emocional e social. É preciso que o poder público se manifeste não só a
respeito de Luiz Henrique, mas de todos os outros jovens que passam pela
mesma situação.
Mesmo
àqueles que queiram induzir a pecha de que a equipe do jornal A Semana
pertença à turma “do quanto pior melhor”, (no dizer do vereador
Miguelão), são milhares as pessoas que conhecem Luiz Henrique na cidade.
É comum vê-lo transitando pela Câmara Municipal pedindo moedas e foi
também por sugestões, de vereadores, de políticos, da gente do povo que
levantamos esta matéria, consultando as galerias do site do Fórum de
Barra do Garças, entre dezenas de outras fontes, mesmo que este gesto
venha afetar a ira daqueles que defendem o prefeito na televisão de sua
propriedade, a TV Serra Azul.
Contudo,
apesar dos percalços, Luiz Henrique briga na justiça pelo direito à
parte do espólio de seu pai, o ex-governador de Mato Grosso, Wilmar
Peres de Farias (já falecido). Esse embate é de quando ele assinava Luiz
Henrique Almeida de Matos, nascido no ano de 1983 e que teve sua
paternidade reconhecida em abril desse ano, conforme Certidão de
Nascimento do Cartório do Registro Civil de Barra do Garças, quando
passou então assinar Luiz Henrique Peres de Farias.
Segundo
o advogado de Luiz Henrique, Alexandro Takishita, foi feito um exame de
DNA extrajudicial em um laboratório conceituado da cidade pedindo
investigação de paternidade. Ele diz que quando entrou com a ação de
reconhecimento de paternidade, em Aragarças, “Roberto Farias já havia
estado no cartório do Manoelzinho, naquela cidade e celebrado com Luiz
Henrique uma seção de direitos hereditários em seu favor e de sua irmã
Eneida, (em outras palavras como se Luiz Henrique abrisse mão de sua
herança). Foi por isso que ele [Roberto] não contestou a ação”, ressalta
o advogado.
Ainda,
segundo o advogado Alexandro Takishita, foi dado ao seu cliente na
ocasião R$ 700. “Apropriaram da herança a que o rapaz tem direito”. Ele
disse ainda que Roberto Farias teria dito na ocasião a Luiz Henrique:
“Você é meu irmão mesmo”. Luiz Henrique não é interditado, embora exista
uma ação com esse intento que ainda não foi julgada pela justiça, uma
curatela que nomeie um curador responsável.
Um
laudo de 2007 dá conta de que Luiz Henrique, aos 23 anos de idade, já
era incapaz por ser dependente químico. Ele foi criado com avó materna e
as tias. Sua mãe Maria Lourdes Silva de Matos mora em Goiânia e
conforme disse o advogado, quer pegar sua guarda, “mas por interesse”,
conforme frisou Alexandro.
Enquanto
isso Luiz Henrique, dado seu avançado estado de saúde, nem sabe se
espera uma decisão da justiça que possa salvá-lo das drogas. Herdeiro do
fabuloso espólio de seu pai, Wilmar Peres de Farias, é preciso que a
justiça se manifeste em seu favor, que obrigue o representante desta
fortuna (Roberto Farias) a interná-lo em uma clínica de recuperação para
que seu irmão possa usufruir desses bens antes que seja tarde demais.
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